REVELAÇÃO DO INTER NO SITE DA FIFA... GIULIANOPouco mais de um ano atrás, o Internacional de Porto Alegre anunciava a contratação de um jovem meia-armador que então tinha 18 anos e acabara de ser eleito a revelação do Brasileirão da Série B pelo Paraná Clube. Giuliano Victor de Paula era mais uma promessa, para se juntar às tantas que o Colorado forma dentro de suas próprias categorias de base. Para todos os efeitos, tratava-se de uma contratação visando ao futuro: alguém que chegaria para aprender e, aos poucos, conquistar espaço num elenco forte e cheio de talento como o do clube gaúcho.
De fato quase tudo aconteceu assim, com apenas uma diferença: o “aos poucos”. A ascensão de Giuliano da condição de promessa para a de peça fundamental não teve nada de gradual. Seu primeiro jogo pelo Inter foi há exatamente um ano, em fevereiro de 2009, quando entrou nos últimos minutos de um empate contra o Ypiranga pelo Campeonato Gaúcho. Em julho, foi titular pela primeira vez numa partida do Brasileirão - vitória por 3 x 2 sobre o Barueri, pela 15ª rodada. A partir de então, nunca mais se ouviu o nome de Giuliano associado a “futuro” ou “promessa”.
“Naquela partida contra o Barueri, quando o Tite me colocou desde o começo e eu tive um bom desempenho, senti que realmente estava ganhando espaço no time principal. Aquele jogo foi o que me deu confiança para ter uma sequência e acabar me considerando titular da equipe”, admite o garoto de 19 anos em entrevista ao FIFA.com. A sequência a que Giuliano se refere não é força de expressão: ele saiu jogando nas oito rodadas seguintes àquela sua estreia, até o momento em que foi convocado para a seleção brasileira sub-20. Durante esses nove primeiros jogos como titular do Inter no Brasileiro, marcou três gols. Foi o que bastou para que ninguém mais duvidasse do quanto ele poderia ser importante para o Colorado.
10+10+10
A maneira rápida e sem tropeços como Giuliano se estabeleceu na equipe principal chama ainda mais atenção quando se leva em conta o nível de concorrência que ele enfrenta dentro do grupo do Internacional. O paranaense é um jogador do tipo que anda em falta no futebol – um autêntico criador de jogadas -, mas o Beira-Rio, por outro lado, parece por alguma razão ser um oásis a ignorar essa tendência. Enquanto o mundo cava fundo para tentar encontrar um ou outro camisa 10, o Internacional só em seu elenco profissional tem três: o argentino Andrés D’Alessandro (28 anos), Andrezinho (26) e Giuliano – aquele que tem dado pinta de já ser o verdadeiro dono da camisa.
“É um privilégio, para o Inter, ter três jogadores capazes de realizar bem essa função de armação. Essa concorrência me faz crescer e amadurecer. Por um lado, percebo a minha importância para a equipe quando, sendo tão jovem, jogo ao lado de caras como Andrezinho e D’Alessandro, ou até sou titular quando um deles é opção no banco de reservas. Ao mesmo tempo, isso não deixa que eu me acomode, porque sei da qualidade que temos no elenco”, admite o jogador, que não descarta a possibilidade de atuar um pouco mais avançado, como atacante, se essa for a ideia do técnico uruguaio Jorge Fossati. “Podemos atuar tanto num 3-6-1 como num 3-5-2, e se eu tiver que ser usado mais à frente também me adapto rápido. Já fiz essa função antes.”
A verdade é que ir à África do Sul seria a realização de um sonho. Mas a Copa de 2014, no Brasil, não é sonho: essa, sim, é algo que tenho na minha vida como um objetivo
Giuliano, meia do Internacional
Um sonho e um objetivo
Tudo o que a trajetória de Giuliano com o Internacional teve de meteórica, sua carreira na Seleção tem tido de gradual e regular. Depois de ter integrado as equipes das categorias sub-15 e sub-17, em 2009 ele foi escolhido pelo técnico Rogério Lourenço como capitão do time que foi vice-campeão da Copa do Mundo Sub-20 da FIFA, no Egito. O tipo de experiência com a camisa amarela que, segundo ele, pode ser valiosa quando chegar sua hora de defender a seleção brasileira principal.“Jogar com a Seleção, representar o pais, é algo completamente diferente de tudo. Agradeço pela chance que tive de passar por todas as categorias de base. Por causa disso, sei que há uma possibilidade muito grande de, no futuro, servir à equipe principal. Acho que levo um pouquinho de vantagem em relação àqueles que não tiveram essa experiência”, admite o meia do Inter.
“Ser capitão, então, foi uma responsabilidade enorme: ser o braço direito do treinador dentro do campo. Sempre tive uma personalidade forte e, em toda a minha carreira nas categorias de base, fui de falar bastante; de motivar os jogadores nas conversas antes da partida. Foi um orgulho enorme ter disputado um Mundial como capitão da Seleção”, completa ele, que no Egito recebeu a Bola de Bronze adidas.
Se o objetivo é a Seleção, então, será que pensar numa vaga entre os eleitos de Dunga para a Copa do Mundo da FIFA de 2010 é ir longe demais? “A possibilidade sempre existe. Os campeonatos estaduais e a Libertadores estão aí, e eu espero fazer um bom trabalho. A verdade é que ir à África do Sul seria a realização de um sonho. Mas a Copa de 2014, no Brasil, não é sonho: essa, sim, é algo que tenho na minha vida como um objetivo.”
Objetivos graduais e tudo conquistado passo a passo. Do jeitinho que não foi sua escalada no Internacional de Porto Alegre. Que ninguém se surpreenda, portanto, se em algum ponto Giuliano queimar uma etapa do plano.